terça-feira, 29 de julho de 2008

Amor Imperfeito (Homenagem á um grande amor) - Por Denny Guinevere Du Coudray


Maddy olhou em volta tentando discernir o local do qual se encontrara. Há Quanto tempo estava ali? Porque somente agora ela dera conta do quando havia se afastado de casa?

Sentiu as lágrimas rolarem pela sua face indagando seu sofrimento que habitara em seu coração nos últimos tempos.

Maddy passou as mãos pelos cabelos como se quisesse afastar as lembranças que teimavam em surgir em sua mente atormentada. Viu a imagem que tanto lhe perseguia, Violet era magnífica, meiga, carinhosa, rosto angelical e uma onde de mistério a rondavam.

Maddy e Violet se conheceram através de um amigo em comum entre elas, ficaram amigas no primeiro instante e foram se comunicando pela semana.

Maddy sempre fora fria em relação a sentimentos e não gostava de se envolver com ninguém, porém, Maddy encontrou em Violet o que ela mais procurava: alguém que fosse como ela e que conseguisse ultrapassar os muros de seu coração aos poucos.

Maddy assustou-se com a facilidade de Violet ao ludibriar sua frieza, e sua inocência aparente haviam-na cativado inteiramente.

No primeiro encontro as duas pareciam grandes amigas, talvez se alguém chegasse perto poderia notar nos olhos de ambas um brilho malicioso que começava a surgir ao se tocaram levemente pelas mãos em um gesto de afeto e carinho.

Maddy apaixonara-se logo de primeira, entregou-se ao desconhecido e ao amor da menina que estava á sua frente. Esqueceu-se, porém, de que talvez ela guardasse algum amor não correspondido ou algo do tipo. No dia seguinte eufórica Maddy procurou o telefone e discou o número.

Uma moça atendeu.

__ Alô.

__ Olá, gostaria de falar com Violet. Ela se encontra?

__ Sim, Vou chamá-la.

__ Obrigada.

A moça do outro lado não sabia o que se passava naqueles minutos que se seguiam, Maddy queria mesmo falar com ela e tinha pressa em saber o que Violet a diria sobre o que iria pedir. Um, dois, três minutos e nada dela, “Atenda Violet!” – pensava ela.

__ Alô?

__ Oi. Estava te esperando. Precisamos conversar.

__ Desculpe a demora, eu estava lendo. Aconteceu algo?

__ Quero lhe fazer uma pergunta. Reflita e quando achar que deve me responda.

__ Você esta me deixando assustada. Pode dizer.

__ Nos conhecemos há pouco tempo e sinto que existe algo entre nós. Sempre fui de arriscar e quero saber se arriscaria comigo. Violet quer namorar comigo?

Ficaram em silêncio por alguns instantes e foi Violet quem quebrou o silêncio.

__ Claro que aceito. Sinto o mesmo por você e gostaria de estar ao seu lado retribuindo seu sentimento.

Maddy não acreditava no que ouvia, por dentro pulou de constante alegria. A conversa fluiu naturalmente e as duas mostravam-se alegres e felizes.

Violet estava passando por uma situação delicada em sua residência com seus familiares, Maddy esforçava-se para compreende-la e dar apoio a ela, mas algo dentro de Maddy dizia coisas horríveis que ela tentava esquecer.

Ela tentou conciliar o sono, mas foi impossível. Sentia-se agoniada e triste, levantou-se e colocou suas vestes. Abriu o portão e saiu sem destino e sem avisar ninguém.

Caminhou pelo bairro que tanto odiava, como podia sentir este sentimento tão ruim? Se Violet demonstrava sentimentos recíprocos porque se preocupava tanto? Do que temia?

Caminhou sem destino, queria esquecer a distancia que as separava, cada vez que os problemas de Violet apareciam com certa força, ela saia com os amigos demorando a regressar para os seus. Maddy queria estar ao lado dela e sentia-se enciumada, não por não ter confiança na garota, mas por ver os amigos dela fazendo o que ela desejava fazer.

Quando se deu conta, Maddy se encontrava num bairro vizinho. Colocou as mãos no bolso e viu que estava sem dinheiro, revoltou-se ao lembrar que esquecera de pegar o dinheiro em casa.

Sobressaltou-se. Estava sem blusa de frio, sem dinheiro e sem saber onde realmente estava. Chorou descompassadamente, porque seu amor era tão dorido? Porque sentia tão insegura?

Maddy começou a arranhar o corpo, queria livrar-se da sensação de abandono, tirou a blusa e arranhou seu corpo com as unhas tentando arrancar a pele inutilmente.

Entrou em desespero.

“Não sei mais o que fazer. Violet salva minha alma deste tormento!” – Maddy caiu ao chão ensangüentada. Permaneceu por tanto tempo que o frio, a fome, a solidão foram se fundindo com suas lágrimas.

De repente ouviu passos em sua direção, sentiu medo, mas não se moveu. Fosse quem fosse, não importava mais. Maddy fez uma prece em silêncio e agradeceu pelas oportunidades que seguiam o percurso natural, pena ela não poder mais usufruir as belezas mundanas.

“Vou morrer! Sinto-me sufocada e pressinto o momento decisivo do qual não poderei argumentar. Queria que Violet soubesse que a amei, e que foi o medo de perde-la que me fez morrer nos braços da esperança”.

Maddy já não mais sentia medo, conseguiu notar a presença de um belo rapaz. Ele abaixou-se perto dela deitada ao chão, ela não conseguia se mover. Ouviu ele dizer antes que desmaiasse.

__ Esta tudo bem? Precisa de ajuda?

Violet zelava pelo sono tranqüilo do qual Maddy aproveitava, suspirou triste. O que teria acontecido com sua namorada? Estava difícil pra ela, sua família passava por mudanças e ela tinha que agüentar a barra de seus familiares fazendo-se forte. Acariciou os cabelos de Maddy, na hora em que mais precisava haviam-se encontrado, não podia contar com ninguém no mundo, mas havia Maddy que conquistara seu coração incansavelmente.

Tinham um relacionamento a distancia, era penosa a situação, mas ela se conformava. Ter ela ao seu lado era como se fosse um escape para um mundo cor de rosa, Maddy mostrava um amor real e quente em suas veias e Violet gostava de sentir-se assim. “Estarei sempre com você meu eterno amor”.

Imersa em pensamentos de lembranças carinhosa e intensa que passara ao lado de Maddy, Violet não notou que ela havia recobrado os sentidos e a olhava com certa indagação.

__ Onde estou?

Violet sorriu ao vê-la acordada. Beijou-lhe os lábios calorosamente.

__ Foi encontrada nesta manhã por um rapaz que a trouxe ao hospital, viram um papel com meu número em seu bolso e me ligaram avisando o que tinha ocorrido.

__ Não deviam ter-lhe incomodado. Vou reclamar com o supervisor.

__ Maddy o que esta havendo?

__ Eu a amo, mas este amor me trouxe medo de perdê-la. Não consegui dormir e experimentei uma sensação em puro transe esta madrugada. Sentia frio, fome, cansaço, vontade de te ver, desejei morrer. Tentei arrancar minha pela para aliviar esta sensação de perda, queria tirar meus órgãos para entrega-los a você. Dei-lhe não somente meu coração, mas todos os órgãos que estão dentro de mim. Coração, fígado, estomago, rins... São todos seus.

Violet chorava emocionada, se preocupava tanto com seus problemas que não via o que sua namorada estava passando, a guerra que havia travado em sua alma.

__ Não precisa Maddy.

__ Hoje, percebi que se eu a amo como digo lhe amar, tenho que mostrar que meu desejo não é somente carnalmente. Está livre Violet, não vou tentar acorrentar seu amor, fiz as coisas erradas e preciso me recuperar do tormento ao qual me forcei. Coloquei você em meu futuro sem me preocupar com o que desejava, por mais que me diga o contrário, sinto um mistério rondando você, um amor do qual você ainda não esqueceu.

__ É com você que estou. Não precisa fazer isso.

__ Não sou eu quem você ama. Devia lutar pelos seus sentimentos, quero vê-la feliz. Daria qualquer coisa pra te ver bem. Mas estava agindo de forma errada tentando acorrentá-la a mim. Esta livre Violet. Entrego-te de volta ao mundo de onde nunca devia ter saído.

__ Maddy eu quero estar com você, quero que demos certo.

__ Você não me liga, não me procura. Todo dia fico ansiosa pra ver se você havia mandado uma mensagem. Por um tempo deixei as coisas assim, parei de ligar. Pensava que se você ao menos sentisse algo, você me procuraria. Porém, os dias foram passando e você manteve-se longe não somente na distancia, mas entre nós. Sei que está difícil pra você e quero estar do seu lado, mas quero saber se sente o mesmo.

Violet permanecia muda, entra lágrimas e soluços desabou em seu pranto dorido. Maddy esperou-a se recompor, se ela pudesse levaria Violet consigo para cuidar dela como deveria ser cuidada por alguém.

__ Eu a amo Maddy. E não sabia que se sentia assim, você esta em meu pensamento, em meus dias, em meu cotidiano. Basta fechar os olhos para sentir o gosto dos seus lábios.

Violet parou por um instante.

__ Vamos recomeçar. – disse por fim.

Logo em seguida o médico veio dar alta para Maddy, elas aproveitaram e foram andando de mãos dadas beirando as lojas que se estendiam por elas.

Maddy observou Violet que sorria ao mostrar-lhe as roupas que planejava comprar. Maddy estava imersa em pensamentos, ainda sentia o vazio em sua alma e sabia que algo misterioso habitava em sua amada.

Se fosse preciso ela seria capaz de abandonar seu amor, somente pra vê-la feliz.

Maddy sorriu, temia amar porque nunca havia amado antes, e não queria se separar dela. Ela iria se acostumar com este sentimento novo e não daria vazões para pensamentos negativos, queria que desse certo mais que qualquer outra coisa.

Sabia que este amor era imperfeito e não tinha noções do futuro, mas porque não tentar?

2 comentários:

Lady Mila disse...

s sofridos assim, as vezes torna obssecão, acababando que sufocando um pouco a pessoa que está do lado!
um texto dramático, mas bem realista....

Adriano Siqueira disse...

Adorei o texto Denny, realista como tem que ser e completamente atual. Levando as pessoas que leêm acreditar na possibilidade de estarmos sempre a beira do abismo mas segurados pelas correntes da sobrevivência.
Usamos um texto assim para ficarmos alertas com o que a vida pode fazer com os humanos.

Escreva sempre.
adriano siqueira