quinta-feira, 28 de abril de 2011

Nefasto... Por Denny Guinevere


Um ser nefasto encarava-me enquanto de sua boca ensangüentada um zumbido enchia a sala de estar. O homem que cabelos loiros, compridos e de olhos azuis poderia ser até um belo homem não fosse por sua boca sanguinolenta denunciando suas presas afiadas. O ronronar escapava do peito que se movimentava letargicamente, enquanto seu olhar se mantinha acorrentado em minha face.
O ser fúnebre de sobretudo negro, andava em minha direção. Um filete de sangue escorria de sua boca entreaberta manchando meu carpete novo, um ser mágico se não fosse a maldade mundana que lhe desse forças.
-- O que desejas maldito ser? – ele vociferava. Meu Lúcifer, meu amante. Ele estaria preso ao meu comando, toda vez que eu lhe chamasse teria que ser atendida, era este o trato. Minha alma por doze meses de servidão aos meus caprichos. O próprio Lúcifer, o anjo mais belo expulso do paraíso, o ser hediondo do universo feito cachorrinho em minhas mãos.
-- Que sejas meu...
-- Novamente? Será minha serva quando de sua alma eu apossar. Pagarás por me obrigar a me deitar feito humano saciando seu desejo carnal. A maior armadinha da raça humana. Vocês meros fantoches são escravos do sexo, do prazer que ele lhe proporciona.
-- E o senhor não se sente estupidamente satisfeito? Este corpo que o senhor apoderou tem grande desenvoltura – e apontei para baixo – Se por ventura está preso a um humano por que razão não me satisfazer? Nossa última noite...
Lúcifer vociferou. Para ele era uma faca de dois gume. Desde que lhe vendi a alma e o fiz meu servo o obrigava a se deitar ao meu lado quando ele acabava por comer a carne pútrida de algum viciado beirando a morte. Meu amante.
Ele veio em minha direção sustentando o andar firme e assustador. Segurou meus cabelos enquanto me arrastava para o quarto no cômodo ao lado. Cada vez que ele me tocava parte de minha carne era arrancada por seus dentes, ele se alimentava de meu corpo enquanto eu me alimentava de seu sexo.
Suas mãos percorreram meu corpo, mais uma vez o órgão genital do corpo que Lúcifer tomara para si estava enrijecido, eu sabia que ele estava se habituando aos meus costumes, ao prazer extremo.
Ele me mordia vendo meu sangue verter dos cortes profundos, ele lambia o sangue enquanto entrava em meu corpo suando feito humano. Saciando... Um ato insano...
-- Mais um pouco – murmurei. O orgasmo vindo à tona, feito explosão. Um grito. Um desejo. Um amor louco.
-- És minha... – ele gritou antes de girar minha cabeça a trezentos e sessenta graus.