sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Auto-destruição por Malina


"Porque diabos a beleza machuca ?
Porque raios a beleza conduz à dor ?
De ambas as formas isso termina em dor
De qualquer forma - me dê sua beleza agora
De qualquer forma - espalhe minhas veias
Me amaldiçoe e me torne um enigma
A estrada para a dor é calçada pela beleza..."

(Lacrimosa)



Olá. Meu nome é Jöhn, tenho trinta e sete anos e um desabafo para fazer. Há algum tempo atrás eu tinha uma vida normal, uma esposa e duas filhas lindas que me amavam incondicionalmente. Prestava um serviço quase que voluntário em uma igreja e tinha um bom emprego que me permitia aproveitar de uma vida confortável.

Bom, eu poderia achar que tudo o que houve comigo, não passou de um pesadelo, mas as coisas infelizmente não são tão simples assim. Eu perdi tudo e estou á um passo de acabar com minha própria vida.
Sou um covarde? Quem sabe. Mas não me interessa mais viver. Eu poderia recomeçar do "zero" e tentar seguir um novo caminho, mas não tenho forças para isso. Deus sabe, não tenho mesmo!

*****

Eu me casei novo, com uma moça pura e muito bonita além de carinhosa e cuidadosa. Assim que a conheci, minha vida tomou um rumo certo. Deixei todos os erros para tráz e segui o caminho ao lado dela. Logo veio minha primeira menina e alguns anos depois, a segunda. Agora sei, eu tinha uma vida perfeita.

Não quero aqui, caro leitor, me lamentar. Eu errei e assumo meu erro, mas preciso desabafar. Provavelmente você sentirá raiva antes mesmo de ouvir o final da minha triste história, mas não há problema, eu mais do que ninguém sei o quanto fui tolo.

Como disse, tinha uma família perfeita. Minha esposa me amava e minhas filhas viam em mim um exemplo a ser seguido. Eu por minha vez, me sentia forte. Durante vinte anos de casamento nunca me senti abalado, nem interessava qual era o problema, eu sempre o resolvia com coragem e força. Nunca me deixei abater e era convicto em minhas escolhas.

Convicção. Essa foi minha maior qualidade durante esses vinte anos e por incrível que pareça, foi o que causou minha destruição mais tarde.

*****

Eu sempre acreditei em Deus, mesmo hoje, estando á beira da morte, ainda acredito e tenho esperanças de que Ele me perdoe pelo que fiz.
Como eu disse, eu prestava um serviço voluntário na paróquia da minha cidade. Todos os fins-de-semana eu me reunia com jovens que se encontravam em uma fase difícil. Alguns eram drogados, outros revoltados e outros fanáticos mesmo, que achavam que era sempre bom falar sobre seus pequenos problemas.
Como psicólogo, eu os ajudava. Meu trabalho era praticamente terapias em grupo e ás vezes sessões individuais, quando o caso pedia mais sigilo.
Eu estava seguro ali, sabia o que estava fazendo e me sentia orgulhoso em poder ajudar meus irmãos.

O grupo era bem conhecido, pois por mais que eu me esforçasse, a "cura" não dependia só de mim. Muitos daqueles jovens, assim que encontravam a primeira resposta para os seus problemas, sentiam uma falsa segurança e baseados nisso, voltavam a ter uma vida sem restrições o que mais tarde, os prejudicava novamente e eles voltavam para terapia.

Eu os conhecia muito bem e gostava deles assim como gostava do meu trabalho ali. Não pretendia parar nunca, mas tive que parar. Depois do que aconteceu eu ainda tentei ficar ali, mas não era justo. Eu não era mais o mesmo.

******

Certo dia, eu havia chegado mais cedo na igreja. A igreja era exageradamente grande e fria e nessa tarde a chuva parecia deixar o lugar mais gelado do que nunca. Eu estava sentado em minha mesa que ficava na lateral do altar, não havia mais ninguém ali. Estava distraído organizando alguns papéis quando escutei passos vindos da imensa porta de entrada.
Levantei o olhar e vi uma moça vindo em minha direção. Assim que ela se aproximou, vi que era nova, com seus dezessete, dezoito anos. Ela estava completamente molhada por causa da chuva e seus cabelos estavam agarrados em seu rosto pálido.
Vestia uma saia preta de crepe indiano e uma blusa de renda por debaixo da jaqueta de couro. Usava uma maquiagem escura borrada e tinha discretas olheiras.
Ela se aproximou e sentou-se na cadeira em minha frente.

- Olá. - Eu disse. - Em que posso ajudá-la?

- Não creio que meu problema tenha solução. - Ela respondeu com sua voz doce.

- Todo problema tem uma solução, mas se não acredita na sua, o que faz aqui?

- Vim somente para estragar sua tarde. - Ela falou e eu sorri.

- Não acho que uma moça tão linda vá estragar minha tarde tão facilmente. - Respondi com bom humor, ela não respondeu. - Sou voluntário aqui, sou o psicólogo da paróquia. Quem sabe não podemos conversar e achar juntos uma solução?

- Primeiro, não preciso da sua caridade nem da sua piedade. Não uso droga e nem me prostituo portanto não ache que estou tão vulnerável á sua fé.

- Não achei isso. - Falei. - E já que você não é nada disso, me sinto aliviado. O que lhe aflinge?

- Eu mesma. Eu me odeio, eu não presto e não mereço mais viver. - Ela disse, sempre com os olhos nos meus.

- Seja lá quem lhe falou isso, não merece sua atenção. O que lhe faz pensar assim?

- Minha vida, ela toda foi um desastre. Sempre tomei as decisões erradas, sempre escolhi o caminho mais doloroso.

- Há sempre tempo para quem quer recomeçar... - Não acabei de falar quando celular dela tocou, ela se levantou e disse que precisava partir. Eu fiquei meio tonto com aquilo tudo e tive tempo apenas de me despedir.

A acompanhei até a porta da entrada, do lado de fora a chuva caía mais forte. Ela desceu as escadas e eu fiquei ali parado, olhando aquela menina tão doce, que á cada segundo sumia como um vulto na paisagem cinza.

******

Minha tarde não foi mais a mesma, quase não tive cabeça para pensar em outra coisa senão na misteriosa menina de preto. Não via a hora da sessão acabar com os meninos e eu sair dali, no fundo, eu queria a encontrar novamente.

E assim o fiz. Assim que acabei meu trabalho, juntei rapidamente meus papéis e os guardei na minha maleta. Me despedi de todos e saí apressadamente em direção ao estacionamento.
Aproximando do meu carro vi que havia alguém encostado nele, eu estava com pressa por causa da chuva e assim que cheguei mais perto, vi que era a menina.

- Oi. - Falei tentando disfarçar minha surpresa. - O que faz aqui nessa chuva?

- Estava lhe esperando. - Ela disse. - Você pode me dar uma carona?

- Sim, claro. - Abri a porta do carro. - Entre por favor.

Entramos no carro e eu arranquei em seguida. Olhei para o lado e a fitei discretamente. Por debaixo da sua saia quase transparente sua pele pálida parecia reluzir. Me senti constrangido quando vi que ela notou meu olhar.

- Você acredita em Deus? - Ela perguntou.

- Muito. - Respondi. - Você não?

- Não.

- Porque?

- Se ele existe mesmo, é muito indiferente.

Eu sorri, estava acostumado com aquele tipo de opinião.

- Qual seu nome? - Perguntei.

- Sabine, mas se fala "Zabine", é em alemão.

- Belo nome Sabine. E para onde quer ir?

- Tanto faz, minha casa me entedia. Você tem algo para fazer agora?

- Não. - E esse foi meu primeiro erro. Eu tinha. Todos os dias eu buscava minhas filhas na escola, mas nesse dia eu resolvi mentir e não as busquei.

Parei em um posto de gasolina e desci, falei que ia ao banheiro e a deixei no carro esperando. No banheiro liguei para minha esposa avisando que tinha ocorrido um emprevisto e que não pegaria as meninas na escola. Disse que ia demorar.

Voltei ao carro e ela estava lá, linda, me deixando inseguro á cada minuto.

- Já sei aonde podemos ir. Conheço um barzinho muito legal, você bebe não é?

- Só socialmente e muito de vez enquando.

- Ah não acredito! - Exclamou. - Nem uma taça de vinho?

- Quem sabe.

Ela me guiou até o tal lugar. Era quase na saída da cidade. O bar era na verdade um chalé. Pequeno e aconchegante, com uma vista maravilhosa.
Entramos e nos sentamos numa mesa perto de uma janela. Lá fora, a bela paisagem montanhosa me confortava.

Ela pediu duas taças de vinho e tirou a jaqueta, quando percebi que não tirava os olhos do seu delicado decote, vi que não deveria estar ali.

- Vai fazer o que quando sair daqui? - Ela perguntou.

- Vou pra casa, minha esposa está me esperando. - Resolvi ser sincero e achei que ela iria se surpreender com a resposta, mas isso não aconteceu. - E você?

- Não sei. Não vou sair daqui muito cedo.

- É? - Tentei evitar, mas não consegui. Eu queria mesmo saber o porquê dela ficar ali até tarde. - E o que vai ficar fazendo aqui sozinha?

- Não vou ficar sozinha, vou ficar com você. - Nesse momento ela se levantou e sentou no meu colo, de frente pra mim. Ela segurou minha nuca, sua mão estava completamente gelada, começou a me beijar. Seus lábios macios em minha boca hora escorregavam até meu queixo e seguiam pelo meu pescoço. Ela fazia pequenos movimentos com os quadris deixando que sua perna fria arrastasse em minha cintura. Eu fiquei completamente excitado e ela pôde sentir, o que a deixou mais empolgada ainda.

- Eu te quero, - Ela falou me fazendo gemer baixo. - agora.

Ela se levantou e segurando minha mão, seguiu até perto do balcão. Chamou um rapaz e falou algo que não pude entender. Logo estávamos subindo uma pequena escada que ficava ao lado do balcão.
Entramos em um quarto. Tinha uma cama no centro, o cômodo não era muito grande. Ao lado da cama havia uma mesinha com algumas velas artesanais, ela as acendeu e fechou as cortinas da única janela que havia.

Se aproximou de mim e tirou sua blusa, eu não conseguia pensar em nada. Ela então segurou minhas mãos e colocou-as em seus seios. Aquela pele macia me deixou louco. Agarrei-a com força e comecei a beijá-la, desci pelo seu pescoço e cheguei ao seus seios, ela jogou a cabeça para trás e segurou forte meus cabelos.

Logo suas mãos estavam abrindo minha calça enquanto eu a beijava por inteiro. Tirei cada peça de sua roupa e deitei-a na cama. Ajoelhei-me entre suas pernas e beijei seu umbigo, desci até no meio de suas pernas e a senti contorcer de prazer.

Subi novamente e beijando seus seios a penetrei com força, o mais profundo que consegui. Estava extasiado. A cada movimento eu enlouquecia.
Virei-a de costas e segurando sua cintura, penetrei-a novamente. Dessa vez com mais força e mais profundamente. Passei a mão em suas costas suadas até que cheguei em seu cabelo, agarrei e os puxei para trás.
Ela soltava gemidos gostosos enquanto eu me sentia completamente hipnotizado.
Puxei então seu corpo para perto do meu e acariciando o mesmo, tive o primeiro orgasmo. O primeiro, de muitos.

Quando acabamos fui até a janela, a noite finalmente caía sobre a paisagem. Olhei para trás, ela estava deitada na cama. Seus cabelos já secos, mostravam suas belas ondas, sua pele pálida e suas belas curvas me mostraram o quanto me sentia satisfeito.
Logo ela se levantou e começou a se vestir, eu fiz o mesmo.

- Você tem que ir. - Ela falou.

Eu obedeci, simplismente. Logo estávamos descendo a pequena escada. Assim que chegamos de volta perto do balcão, vi que uma outra menina nos olhava. Com as roupas parecidas, mas com a parência mais séria.
Me despedi e fui embora.

******

Por incrível que pareça, não me senti culpado. No caminho pensei na longa tarde que passei com a pequena Sabine e me senti muito contente.
Cheguei em casa e não precisei me explicar, minha esposa jamais desconfiaria de mim.

E como naquela tarde, muitas outras aconteceram. Sabine não cansava de me procurar e eu a desejava mais do que qualquer outra coisa.
Ela passou a frequentar as reuniões com o grupo da igreja, mas nunca falava muito de si. Ficava apenas me provocando com aquele olhar excitante de sempre.

Transamos muitas vezes e eu estava completamente envolvido. Não conseguia ver o perigo que me rodeava.

Certa vez, no inverno, estávamos eu, ela e mais três rapazes. Durante a sessão, ela me provocou muito, acariciando discretamente suas pernas. Assim que acabamos e os rapazes foram embora, ela me puxou até o interior da igreja. Andamos apressados até uma pequena sala, onde ficavam umas estátuas antigas e ali mesmo ela começou a me beijar. Ela me beijava e sua mão percorria todo meu corpo, ela se virou então e começou a rebolar em minha frente, encostada em mim. Aqueles movimentos me deixaram louco e eu a inclinei para frente, levantei sua saia e me livrei de suas roupas íntimas, a penetrei ali mesmo. Transávamos ferozmente, quando ouvi a porta se abrir atrás de mim, mas não consegui parar o que estava fazendo. Cada vez mais rápido e mais forte, eu a sentia por inteiro, me envolvendo.

A pessoa foi se aproximando aos poucos até que chegou ao meu lado e só nesse momento, olhei para o lado, ela também olhou.

- Eleonora. - Ela disse entre gemidos. A menina que nos olhava, era a que eu havia visto no bar, em nosso primeiro encontro.

Eleonora sorriu e se aproximou de nós. Eu não conseguia parar de me mexer entre as pernas de Sabine. Eleonora passou então a mão em minha boca e em seguida me beijou, aos poucos tirou minha roupa logo ficando nua.

Eu peguei Sabine no colo e coloquei-a em cima de uma mesa que ficava no fundo da sala, subi na mesma e me ajoelhei entre suas pernas, a penetrando novamente. Eleonora também subiu e deixou que Sabine fizesse sexo oral nela enquanto transávamos.

Pouco tempo depois estávamos os três completamente despidos, unidos pelo prazer. Eleonora revezava me beijando e beijando Sabine. Parecíamos unidos por um laço invisível, parecia que eu as conhecia há séculos.

Eu estava perto de chegar ao orgasmo e notei que elas também. Elas me olhavam e soltavam gemidos quando de repente a porta abriu novamente, estavamos no fundo da sala, de frente para a porta. Quando a porta se abriu por inteiro, pude ver que era o padre. Mas eu não respondia mais por mim, continuei o que estava fazendo e elas começaram a gemer cada vez mais alto, eu mesmo soltei vários gemidos até que nós três gozássemos juntos, na frente do padre, que nos olhava incrédulo.

O padre desmaiou, não sei se de susto ou de medo. Assim que ele caiu, nós três paramos, elas se vestiram e saíram sem falar nenhuma palavra. Só aí que fui ver o que tinha feito.

Mas era tarde demais.

******

Logo todos os membros da igreja sabiam o que eu tinha feito, minha esposa foi uma das primeiras a saber. Ela viajou para outro estado com minhas filhas. Nunca mais as vi, desde então.

Já se passaram três meses desde que isso ocorreu e nunca mais vi nem Eleonora e nem Sabine.

Tenho vivido esses dias com a culpa e o arrependimento. Eu era tão convicto, achava que nada me abalaria ou abalaria minha vida perfeita. Estava certo de que Deus me protegeria de todo o mal e viva falando isso da boca pra fora, como muitos ainda falam naquela igreja.
Mas caro leitor, eu não conhecia o mal. Não um mal interior ou um mal supérfluo, o mal que poucos conhecem. O mal que é capaz de seduzir e destruir um homem, além de o envergonhar perante uma sociedade.

Aqueles momentos de prazer nada eram senão minha própria destruição. Minha auto-destruição.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Sombria - Por Denny Guinevere Du Coudray

Na calada da noite sombria

Procurei por teus olhos que já não mais os via

Clamei ao Senhor do universo que meus prantos ouvia

Pra levar-me até ele que não existia

Apenas sua lembrança persistia em mim

Como uma musica sem fim

Ao beijar meus lábios por fim

Fazendo-me quedar diante ti

Porque sabia que jamais voltaria pra mim



Duas Faces, um coração - Por Adriano Siqueira


Faziam mais de dois meses que eles se encontravam.

Escondidos dos demais amigos e conhecidos. Marcavam seus encontros em lugares distantes dos seus lares.

Eram amantes! Um relacionamento proibido e jamais concebido pela sociedade.

Mas eles se amavam e cada vez mais este relacionamento crescia, se fortificava, tornava-se mais sólido.

Ele se chamava Christopher e ela, Perséphone.

Chris achava estranho que, a cada encontro, ela nunca chegava no horário. Por vezes se preocupava com isso. Achava que ela queria ficar apenas um pequeno tempo com ele. E isso o incomodava. Mesmo assim eles tinham um bom relacionamento. Os dois se sentiam muito bem juntos.

Eles se falavam muito por e-mail e por telefone... Porém, as vezes, ela tinha alguns acessos de uma raiva repentina, e sumia estranhamente. Crhis nunca entendeu estas repentinas mudanças em seus sentimentos. Por vezes ele se achava culpado, e as vezes ele pensava que tinha dito algo errado, mas isso nunca se comprovou realmente, pois ela voltava a falar com ele no dia seguinte com absoluta normalidade.

Persephone tinha uma amiga, Helen. Ela a defendia com todo o seu carinho e amor. Helem sabia quem realmente Persephone era e tentava esconder ao máximo a sua condição. Elas moravam juntas em um apartamento na Paulista. As duas moravam por lá há muitos anos.

Helem cuidava muito bem de Persephone. Sempre limpava as pistas de seus crimes. Escondia todas as provas e defendia Persephone com a própria vida, se fosse necessário. Deixava a geladeira com os alimentos necessários para manter a força de Persephone e a acompanhava como podia em suas conquistas. Se relacionava amigavelmente para que ninguem suspeitasse da atual condição de Persephone.
Várias vezes Helem conversava com Chris para acalmá-lo por causa das reações inesperadas de Persephone. Ela cuidava de tudo. pois sabia que a fome de Persephone aumentava diariamente e o alimento líquido e vermelho que tomára, durava pouco tempo. As vezes a fome era incontrolável fazendo com que alguns encontros fossem cancelados e algumas vezes os encontros duravam pouco tempo.

Helem sabia que era impossível explicar isso para qualquer pessoa. Mas o relacionamento entre Crhis e Persephone estava se tornando tão sólido que era inevitável um encontro em seu próprio apartamento.

Helem via a face de Perséphone quando voltava dos encontros... Ela estava geralmente com muita raiva e fraca. Tinha que se alimentar imeditamente. Logo que chegava corria para a geladeira e tomava o sangue que era colocado em sacos. Tomava tudo, até que finalmente se acalmava e abraçava a Helem e agradecia por ajudá-la sempre.

Uma noite Finalmente eles marcaram um encontro em seu apartamento. Helem sabia que era arriscado. Pois qualquer falha a vida de Chris estaria em perigo. Então, recolheu alguns poucos saquinhos de sangue e fez uma reserva com muitos saquinhos de sangue deixando em uma bandeja em cima do fogão para perséphone tomar quando começasse a ficar com raiva.

Faltava apenas meia hora para Crhis chegar. Perséphone e Helem faziam os preparativos para a chegada de Chris, quando a campainha tocou.

Helem diz para Perséphone ficar tranquila e que tudo sairia muito bem.

Chris estava na porta e segurava algumas flores. Perséphone o convidou a entrar.

Depois de quinze minutos de conversa e beijos apaixonantes ela começa a se sentir estranha novamente dá algumas respostas agressivas para Chris. Era hora de se alimentar. Ele tentou segura-la por brincadeira mas ela se livra violentamente deixando-o surpreso... Ela respira fundo e pede desculpas, depois anda em direção a cozinha dizendo que voltaria logo.

Quando ela chega na cozinha vê a Helem chorando... Os saquinhos de sangue derretidos por causa do fogão que ainda estava quente. Todo o sangue se coagulou. Perséphone enlouquecida joga a bandeja no chão e começa a xingar.

Chris escuta o barulho, mas antes que ele pense em entrar Helem grita para ele nao se preocupar que foi só um acidente.

Helem olha para Perséphone, ela estava sentada, no chão, gemendo e com as mãos na cabeça. Logo ela atacaria Chris e todo o seu sonho de ficar com alguém seria destruido por causa da sua fome.

Helem a segura e olhando para seus olhos, aproxima-se e beija a sua boca. Elas se abraçam. Antes que Perséphone percebesse Helem se afasta, pega uma faca e corta seu próprio pescoço.

Persephone grita, mas já era tarde. O corte era profundo e o sangue se espalha rapidamente.

Vendo todo aquele sangue, ela se alimenta e quando a sua sede é saciada, abraça o corpo de Helem e fica ali um bom tempo chorando.

Chris abre a porta da cozinha e, vendo toda aquela cena, tenta socorrer Helem, mas já era tarde demais.

Perséphone e Chris se olham mas nada é falado.

Dois meses depois.

- Oi kate! que prazer em vê-la.

- Pois é Perséphone... Eu disse que viria!

- Entra moça! você é mais linda pessoalmente.

Perséphone abraça kate e lhe dá um beijo apaixonado, logo depois, pede para ela ficar a vontade enquanto ia até a cozinha para ver Chris preparando os saquinhos de sangue... Eles se beijam e ele diz.

Já sabe... quando se sentir enfurecida venha pra cá que lhe dou um saquinho pra você tomar está bem?

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Amor, Morte e Vida- por Camila Bernardini


Paola encontrava-se em seu quarto, as luzes todas apagadas deixavam tudo na mais completa solidão, assim não mostrando a face da menina, verdadeiramente banhada pelas lágrimas que insistiam em rolar pelo seu rosto sem cessar. Com força abraçava seu travesseiro, como se ele fosse dar proteção e a protegê-la do vazio que se apoderava do seu ser em dias nostálgicos como aquele, onde era pega lembrando-se da noite mais especial de sua vida, e que um ano depois se tornaria a mais maldita que pudera viver.
Fechou os olhos para que as lembranças fortemente ainda vividas viessem à tona de uma vez, deixando- a mais indefesa no completo vazio e solitário quarto. Vieram as cenas daquela noite, onde com suas três amigas e uma prima, decidiram matar aula e ir encontrar uns amigos no Led Rock bar.
Iam todas felizes conversando, algumas garrafas de bebida barata e maços de cigarro, acompanhavam as garotas, que resolveram fazer o trajeto de uma hora em meia na caminhada. Elas gostavam do ar da noite, da sensação de aventuras. Todas tinham nada mais nada menos do que quinze, dezesseis anos, e estavam agora começando a aventurar-se pela madrugada a fora.
Chegando ao bar, sentaram em uma mesa do lado de fora, e logo pediram vinho. Alguns goles foram suficientes para deixá-las embriagadas, já que ainda estavam pouco acostumadas cm bebidas e já tinham tomando algumas outras coisas pelo caminho. Julia propôs que fossem sentar nos bancos da praça que ficavam de frente do bar, e onde se reunia a maior galera que curtia rock de Osasco. Todas então foram.
Em conversas sem sentidos, dessas que as pessoas falam besteiras para se descontrair e dar risada, Paola olhou para um banco da praça um pouco mais distante e foi então que o viu. Uma bela figura de um rapaz que aparentava ter vinte anos estava solitariamente sentado ali. Sua única companhia era uma taça de vinho, segurada de uma forma bem elegante. Ele vestia uma boina dessas francesas, um longo sobretudo bege. Parecia ter vindo de uma dessas velhas fotografias de filmes franceses. Seu olhar distante dava um ar misterioso que só completava o cenário belo que Paola via.
Ela intrigada em vê-lo sozinho a uma multidão de pessoas, todas acompanhadas, ficou mais curiosa a respeito daquela figura. Naquela época não entendia que as pessoas às vezes precisavam do ar da solidão para refletir e até mesmo encontrarem algum sentido no caos do mar da vida. Ainda não havia conhecido a amargura, tristeza ou problemas parecidos, era apenas uma garota no início das fases de descobertas. Comentou então com suas amigas sobre ele, todas o olharam, mas não viram nada de tão especial quanto Paola vira neles.
-È, ele é bonitinho é só- falou Tamires, a amiga mais velha da turma.
- Não é só isso. Não sei explicar a sensação que tenho ao vê-lo ali.
- Vamos chamá-lo de solitário? – Ligia falava, era a que inventava apelido para todos da turma.
Conversaram apenas instantes sobre ele e logo esqueceram o assunto. Exceto Paola que não conseguia esquecer a cena de quando batera os olhos naquele ser estranho. Um tempo depois, aparecia Recruta, um amigo punck das meninas.
- E ai gurias! Vamos para o fênix? Vai toda a galera para lá!
Elas então aceitaram e decidiram já ir, pois tanto o bar Led, quanto a praça já estavam quase vazios naquele horário. Foi mais uma caminhada de trinta minutos. Chegando ao lugar, alguns preferiram se acomodar na mesa do bar e outros, caso das meninas decidiram pegar umas garrafas de vinho e ficarem sentados na grama do lado de fora. Paola que se encontrava de costas para o bar só notou a presença do seu Estranho Solitário, quando Julia comentou:
- Paola, olha que está vindo ai!
Paola virou na pressa de ver quem era, achando ser algum conhecido tamanha empolgação que Julia deu a dar a noticia, ao se virar, porém deparou com aquela figura de sobretudo e boina novamente na sua frente. Quase jurou que ele vinha em sua direção, mas ao contrário, ele virou um pouco mais para esquerda, sentando na grama a distância de cem metros delas.
A noite ia alta afora e Paola não conseguia deixá-lo de observar um instante. Esse parecia nem notar que alguém o observava e se notava sabia disfarçar muito bem. Uma hora em que ela estava distraída conversando com Joe, um amigo que acabará de chegar Julia gritou:
- Ele olhou para você.
Ela então virou o rosto com rapidez, mas não rápido o bastante para vê-lo a observar. Quando o olhou, o viu contemplando a lua. Não deixou de transparecer frustração em seu rosto. Joe então intrigado com o comentário de Julia e a cara de Paola, perguntou:
- O que esta acontecendo?
- A Paola esta afim daquele menino sentando ali.
- Aquele sentado sozinho?
- È!
- Vou falar com ele! Paola se assustou, tentando o segurar, mas não obteve sucesso. Quando viu que Joe se aproxima de “Solitário”, pegou sua amiga Ligia pelo braço e foi se esconder no banheiro. Uma atitude totalmente infantil, mas que quase normal do comportamento tímido daquela época. Após algum tempo no banheiro, respirou fundo e de lá saiu. Saindo do bar, antes mesmo de atravessar à calçada viu Joe:
- Onde você estava?
-No... no..banheiro! O coração dela estava acelerado, suava frio, sentia uma leve dor na barriga que se contraia. Ansiosa por saber o que Joe falará com ele, e qual foi à resposta.
- Eu disse que você queria conhecê-lo, ele pediu que fosse até lá.
- Não tenho coragem.
- Quer que eu te leve até lá?
- Que... quero.
Joe tomou a mão da amiga e até achou engraçado notar que estavam geladas, sinais de nervosismo. Levou-a até onde o Solitário se encontrava e lá os deixou conversando. Conversaram por horas sobre coisas relacionadas à magia, universo, música, coisas que gostavam que odiavam. Paola acha que ele não queria nada com ela, além de conversar. Ficou um pouco desapontada, sem saber realmente o que esperava. Descobriu que o nome dele era Moisés, gostava de punck rock e classic rock, trabalhava, mexia com magia, era admirador da noite e amante da lua.
Mesmo estando do outro lado da calçada na grama, a música que rolava no fênix, era alto e dava para escutar nitidamente. Foi quando tocou Light My fire do The Door, que ele a olhou por um instante em silêncio, levando sua mão ao rosto dela. Um calor tomou conta de Paola a preenchendo por todo seu corpo. Era a primeira vez, mas tinha certeza que estava apaixonada por aquele ser misterioso a sua frente. Os lábios dos dois foram lentamente se encostando, até se tornar um beijo longo, profundo e calmo. Um beijo que transmitia paz e ao mesmo tempo euforia no coração dos dois.
Ao fim do beijo, Paola sentia se enfraquecida, como se toda sua energia tivesse sido roubada. Mas não era uma sensação ruim e sim algo nunca experimentado antes por ela. Foi assim que tudo começou, esse dia tornou-se o primeiro de um sonho de amor que achou que só existia em filmes, novelas e livros.
Nesse período de romance parecia viver em plena felicidade que nunca acabaria. Já havia passado um ano e três meses daquela primeira noite, e parecia que as coisas só melhoravam para os dois, que faziam planos de se casarem assim que ela atingisse a maioridade.
Em uma das muitas tardes que passavam juntos deitados sobre a cama, se amando e depois tendo longas conversas sobre o sentimento que os dominavam por completo, Moisés em um longo suspiro perguntou:
- Você aceita ser minha noiva?
Paola não acreditava no que ouvia, era um sonho mesmo. Como não aceitar ser noiva da pessoa que a completava? E que quando estavam juntos pareciam ser um único ser?
- Aceito!
Nessa época foi o início das angustias que Paola começou a passar. Pensando melhor em se casar, viu que ainda não conhecia nada sobre a vida e nem tinha curtido, como balada com os amigos, viagens e coisas do gênero. Será que estava mesmo preparada para casar? Não sabia se queria isso. Passou noites acordadas tentando se convencer de que o amor que sentia era mais forte do que viver qualquer outra experiência, mais não conseguia acreditar nas mentiras que inventava para si mesma.
Dias mais tarde percebeu que sua menstruação atrasará. Estava preocupada. Procurou um médio e quase caiu da cadeira, quando ele disse que ela estava realmente grávida. Saiu do consultório desolada. Vagou pelas ruas, sem coragem de voltar para casa.
Após quase um mês, decidiu que não iria adiante com aquele filho. Sentia medo, muito medo. O amor que sentia por Moisés se tornara ódio por algum período, sabia que a culpa não era só dele do que havia acontecido afinal ela também não havia feito nada para se prevenir. Mesmo assim não conseguia controlar a raiva que sentia.
Moisés sabia que ela estava grávida, mas desde que ela dera a notícia notara o comportamento estranho dela. Paola fugia dele o tempo todo inventando desculpas e mais desculpas, quando ele ligava pedia para que sua avó falasse que estava dormindo. E foi assim por um longo tempo, até decidir mesmo que não teria o filho.
Indo contra todos os seus princípios, abortou a criança, encerrando assim uma vida que surgia em seu ventre. Interrompendo o ciclo evolutivo do espírito que adormecido esperava o momento certo de abrir os olhos em forma de criança e conhecer a Vida. No dia do aborto, dormiu o dia inteiro, para tentar esquecer todas as aflições que vivera naqueles dias e que ainda viveria. O pior de tudo era se sentir sozinha e não poder contar para ninguém como se sentia.
Mergulhou em um estado letal de depressão. Escreveu uma carta encerrando seu namoro, e nunca mais o procurou, apesar de saber que ele tinha sido o seu primeiro amor. E de saber que o sentimento por ele, estava apenas adormecido.
Desse dia em diante mergulhou cada vez mais no poço absoluto da depressão, infinda em trevas. Garrafas de bebidas cada vez mais fortes, maços de cigarros, remédios antidepressivos, tudo misturado nas altas madrugadas frias em que andava sem nem um rumo pelas ruas. Nesse tempo conheceu muitas pessoas, algumas preocupadas querendo ajudar, outras que se uniam pelo elo da depressão e juntas fingiam ser felizes vivendo em libertinos momentos.
Mas ao voltar para casa, adormecendo muitas vezes com a própria roupa que usou para sair, jogada em uma cama fria e sem sentimento, que não a aquecia da falta maior, que era a falta de sentimento que cada vez a abandonava mais, nessas horas via que os poucos momentos que sorriu, dando gargalhadas eram apenas de puro desespero e não porque realmente se sentia feliz.
Aos poucos as lembranças foram dispersas e voltou novamente a completar a escuridão do seu quarto. Fazia dois anos que tudo aquilo havia acontecido e simplesmente não conseguia esquecer. Levantou de sua cama, seu corpo quase sem forças para caminhar, vagarosamente caminhou dirigindo-se a porta do quarto, que foi aberta com total cuidado para não fazer barulho. Desceu as escadas com um fantasma que vagava só e errante durante a noite, foi até a cozinha onde ficava a coleção de algumas facas belas. Pegou uma delas que veio de lembrança de Minas Gerais e voltou ao seu quarto.
Acendeu pela primeira vez em tempos a luz e olhou-se no espelho. Embora tivesse um pouco abatida pelas horas erradas de sono, bebidas e outras drogas. Era uma garota bela. Sorriu diante da ironia de se achar bonita no momento que planejava sua morte.
Com a faca na mão cortou um de seus pulsos, vendo uma de suas veias estourarem e jorrar sangue que se espalhava por todo o chão. Antes de executar até o fim seu plano, ligou seu rádio na Kiss FM e para sua surpresa tocava light my fire do the doors. Ela enfraquecida pela falta de sangue cantou baixinho:
- Kamon baby light my fire, fire...
Não conseguindo parar com os soluços de desespero. Com um último suspiro cortou seu outro pulso, e com o resto de suas forças fez cortes por todo o seu corpo como uma insana. Depois de algum tempo de sangramento, sentiu sua visão escurecer até sentir um mal estar e seu corpo cair tombando ao chão. Ainda não se encontrava morta, apenas inconsciente.
2
Samuel como todo vampiro, caminhava nas ruas desertas de Osasco, procurando uma vitima para poder saborear o liquido vermelho que o mantém vivo, imortal por tantos anos. Entrou em uma das travessas da Avenida Novo Osasco, que devia estar mais deserta. Olhou a placa que nomeava o nome da rua, sempre teve essa mania, de saber o nome dos lugares por onde passava. A rua chamava-se Boaventura Valério de Miranda. Foi subindo por ela, até se deparar com uma praça onde alguns garotos estavam sentados conversando. Embora estivesse com fome não queria atacar um grupo e sim uma única pessoa.
Sentou na praça, observando, foi então que sentiu um forte cheiro de sangue vindo da casa que estava do outro lado. Olhou para casa, muitas plantas na garagem, um portão cinza acabado se ser pintado. No andar cima de onde vinha o cheiro, uma janela gradeada. Com seus poderes vampiricos em poucos minutos se encontrava frente à janela flutuando. Os garotos na rua devidamente hipnotizados para continuarem com o que estavam fazendo, sem notar a presença de um estranho voando por ali
Com sua força descomunal, arrancou as grades e arroubou a janela. Se alguém o estivesse observando ficaria surpreso, em notar que nem uma dessas ações fez barulho, tudo em silêncio e sutileza. Ao entrar no quarto deparou com o corpo de Paola caído ao chão. Olhou o quarto da garota, e sentiu o ar de depressão ao redor de tudo ali. Pegou o corpo que estava morrendo aos poucos no colo e o pousou sobre a cama, de lençóis vermelhos. Embora os cortes, e as feições cansadas era uma bela adolescente.
Sua fome o apertava cada vez mais, embora achasse uma crueldade acabar com o último sopro de vida daquela pobre menina, que perderá o rumo das coisas. Normalmente não sentia dó de ninguém, mas ficou deprimido ao ver uma cena tão triste.
Levantou a cabeça dela, afastando o cabelo para o lado. Tocou na pele macia da garota, ela estremeceu, com o contato frio, embora não tivesse consciência do que a fazia sentir frio. Paola estava desacordada, e as reações eram apenas de seu corpo.
Ele ao vê-la estremecer, beijou levemente sua pele, e foi até sua boca. Lentamente beijou seus cortes tentando sorver um pouco do sangue restava por ali. Pousou então seus dentes afiados no jugular e deu a ela seu beijo de morte.
Ao terminar de saciar sua sede, já se encontrava na janela, pronto a ir embora, quando voltou sentando na cama onde se encontrava Paola. Umas perguntas percorriam rápido sua mente. Será que daria tempo de salvá-la? Será que ela queria ser salva? Olhou no relógio do garfild em cima da estante, os ponteiros anunciavam 04h49min, logo amanheceria e ele não teria tempo de fazer o que planejava. A não ser que... Seria loucura, mais resolveu arriscar, jogou seu sobretudo sobre o corpo da garota e voou com ela para seu esconderijo.
Lá chegando, tratou de cortar seu pulso e deixar algumas gotas de sangue cair sobre os lábios de Paola. Sabia que já era tarde para ela por si própria conseguir absorver o sangue que lhe davam. Aos poucos o corpo dela estremecia, tendo reações. Ele então encostou seu pulso aos lábios dela que sugou o máximo de sangue que pode, até arrancarem o alimento de perto.
Samuel queria vê-la acordar, mas o dia amanheceu e seu sono de transe tomou conta, sem que ele pudesse lutar. Fechou os olhos então e dormiu o sono dos malditos.

3
Mais uma noite caia, imperando escuridão pelas cidades. Samuel abriu os olhos, correndo- o em direção onde deixará Paola ontem. Ela ainda dormia, ele resolveu alimentá-la novamente, fazendo o mesmo processo da noite anterior.
Paola abriu os olhos e para sua surpresa um homem desconhecido a olhava. Não sabia por que mais sorriu para ele, que ficou espantado com o belo sorriso dela. Não entendia como alguém que tentou acabar com a vida, em um último e avançado sinal de depressão conseguia sorrir lindamente daquela maneira.
-Despertou bela adormecida!
- Onde estou?
- Você lembra alguma coisa que aconteceu ontem?
- Lembro de ter dado fim a minha vida, e um anjo ter me buscado. Sabia ser um anjo, pois quando abri meus olhos estava sendo carregada no colo por ele, voando por entre a cidade.
-Você não morreu!
- Como? Ainda estou viva? Aliás, quem é você?
O sorriso no rosto de Paola diminuiu ao saber que sua tentativa fora frustrante. Ela olhou em seu corpo, mais não tinha nenhuma ferida dos cortes feitos na noite passada. Será que ela estava ontem por algum efeito de droga? Acabará sonhando com seu suicídio? E quem era aquele cara na sua frente?
Samuel ao ler os pensamentos delas, riu:
- Garota curiosa você, quantas perguntas fez e quantas outras quer fazer. Irei te responder. Primeiro meu nome é Samuel, mais pode me chamar de Samy e o seu?
- Paola!
- Paola você acredita em vampiros?
- Sou viciada em livros, filmes, mas não acredito que eles possam existir.
- E se eu dissesse que eles existem?
-Diria que você é um lunático!
Samuel respirou fundo, e cortou um pedaço seus lábios com suas próprias presas. Paola ao ver o sangue não se conteve, correu em sua direção o dando um longo beijo, ardente e ao mesmo tempo doloroso, já que o intuito era saborear o vermelho líquido que escorria da boca dele. Ele com sutileza a afastou de si:
- E agora acredita em vampiros?
- O que está acontecendo?
- Te encontrei quase morta ontem anjo. Queria apenas saciar minha sede mais resolvi trazê-la comigo e te trazer do mundo dos mortos. Agora é uma vampira.
- Uma vampira? Vida eterna? Se tudo o que eu queria era deixar de viver! Filho da puta, por que não me deixou morrer?
Paola o socava descontrolada, ele firmemente segurou seus braços e a olhou. Ela olhou tão profundamente para aqueles olhos verdes a sua frente, que se acalmou. Num impulso o abraçou. Há quanto tempo não sentia o calor de um verdadeiro abraço? Samuel a beijou mais uma vez:
- Você tem a escolha de me deixar ou seguir comigo. Ensinarei-te os cuidados que deverá tomar e como ser uma vampira.
- Irei com você.
Os dois se deram as mãos. Talvez ainda não se amassem, mas no fundo os dois eram iguais, ligados pelas trevas. Ela já havia mergulhado nesse mundo desde o dia que deixou a depressão tomar conta e ele desde o dia que receberá o abraço mortal.
Juntos seriam luz, uma ponta de luz na escuridão.

sábado, 13 de setembro de 2008

A Noite é para os Amantes - por Adriano Siqueira

Estar naquela mesa ao lado dela acariciando os seus cabelos ao som do Whitesnake deixava um ar de prazer e satisfação. Me sentia um homem de sorte envolvendo-me em seus braços e abraços.
As vezes eu engasgava e algumas palavras não saiam. Mas era por causa do meu sentimento de querer mais, de possuir mais.
Eu sabia que nao podia ficar tão envolvido... Eu Sabia?... Não queria saber queria era mais e mais e não importava mais nada a não ser estar ali aproveitar cada segundo daquele momento tão extraordinário e inexquecível.
Cada um de nós tem a sua própria vida mas quando estamos juntos é como se as nossas vidas não importasse naquele momento.
Em cada beijo eu escutaca as cadeiras e mesas caindo, os sons de algumas pessoas gritando de dor po prazer não importava... Eu só tinha olhos para ela naquele momento.
Ela estava me falando de tudo do nosso passado as vezes coisas que a deixavam triste outras que a deixavam muito feliz por lembrar. Mas o importante é que eu queria que aquela noite fosse a melhor de todas.
Os homens e mulheres estávam jogados no chão, o banquete de sangue era tão intenso que cheguei a ficar com água na boca... mas era também por causa dos seus beijos. Beijos que me tocavam a alma. Senti novamente o toque do amor. ó ela conseguia fazer isso. Tocar em mim... Por dentro. Uma magia que só ela sabia como fazer.
Sinto o sangue de todos naquela bar... O cheiro me enchia de prazer.
Um dos garçons que limpava a sua boca do sangue dos fregueses se aproximou e anunciou:
- Lord, o banquete está servido!
Eu agradeci e ela, sorrindo disse:
- E a banda que toca?
- Vamos poupá-los! Afinal... Eles tocam rock and roll.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Amantes - Por Denny Guinevere Du Coudray


Já passava das onze da noite quando atravessamos o salão gótico do qual amigos, meu namorado e eu tinhamos ido naquela noite.

Meu nome é Morgana e venho relatar aqui o que houve naquela noite em que descobri o verdadeiro significado da palavra perigo. Eu e Filth estávamos brigados de certa forma naquela hora, ele não demonstrava coisas da qual eu precisava sentir. Nós dois caminhávamos de mãos dadas sem proferirmos uma única palavra um ao outro.

Os amigos dele haviam notado algo estranho, o olhar repreensivo que eu direcionava a Filth denunciava meu mal-estar em sair de improviso com os meninos deletando meu desagrado.

Quando chegamos no salão, nos separamos. Filth fora agitar com Hernandes deixando-me sozinha no meio do salão. “Não esta noite, Filth” – pensava eu enquanto agitada meu corpo conforme a música. Meu passo ficava mais ousado enquanto por baixo dos meus cabelos loiros e encaracolados vigiava meu namorado de longe.

Drielly estava junto deles. Ela era ex-namorada do Filth e como toda namorada atual, desaprovava a companhia dela de certo modo, não conversávamos, porém, mantínhamos a educação se cumprimentando na frente de outros.

Drielly e Nanda se aproximaram e começaram a agitar, Eu peguei as mãos das duas formando um trio no meio do salão cheio de góticos.

“Que vontade de morder este pescoço’ – pensava eu ao ver a maneira em que Drielly agitava o corpo sedutor á minha frente”.

__ Já venho. – disse Nanda se afastando de nós e indo de encontro aos meninos que se encontravam mais atrás. “O que faço agora? Continuo de mãos dadas com ela?” – perguntas sem respostas que eu fazia em minha mente ao observar o semblante da jovem gótica.

Juntamos mais, cada vez meu corpo se aproximava do dela dando sinais de excitação junto a música que tocava alto em nossos ouvidos. Mais perto... Mais perto... Até que nos beijamos. Senti a boca molhada dela na minha saciando minha sede e vontade de ser desejada. O beijo fora se tornando ofegante. Ela não ficava com mulher pelo menos ao que eu sabia. E eu deveria ter sido a primeira.

Um amigo nosso se aproximou meio perplexo ao ver nossa atitude, logo se animou.

__ Que beijo heim meninas? – disse ele com sorriso maldoso nos lábios. Não respondi. Ela também não.

Disfarçamos enquanto íamos para o fundo com o resto do povo.

“Ele teve ter visto – pensei. – Acho que á esta altura nosso relacionamento anda decaindo”.

Fui ignorada pelo Filth a noite inteira, ele se empenhou em ajudar uma “amiga” que passava mal. Ficaram a noite inteira conversando, e eu os vendo ali relutei contra meus sentimentos que pareciam cavalos selvagens prontos á devorar alguém.

Hernandes que mal falava comigo estava no bar próximo a nós, conversávamos alegremente. Particularmente ele era lindo, mas eu o achava muito chato, apesar do estilo gótico ele parecia do tipo “riquinho” e “mimado”.

__ Vamos agitar? – disse Hernandes entre sorrisos e galanteios.

__ Claro. – disse eu olhando para a parede onde Filth se encontrava com a garota.

Fomos para o fundo, estávamos em quatro pessoas. Eu e Drielly agitávamos de mãos dadas com Hernandes. Ele nos auxiliava e sorria para nós.

Sensualidade. Desejo. Excitação. Traição. Infidelidade. Sem limites.

Segredos que cada pessoa carrega consigo, estas são coisas que devíamos ignorar e que pode nos levar a loucura. E pode nos fazer vir a romper um namoro fixo, como o meu.

Hernandes se aproximava cada vez mais. A esta altura não me recordo bem quem beijou quem primeiro. Quando dei por mim, estávamos os três enlaçados boca a boca.

Drielly e Hernandes se beijavam enquanto eu os segurava pelas mãos. Revezávamos.

Enquanto agitávamos nossos corpos, nossa língua se encontrava aumentando o tesão dos três amantes.

Ao som de Sweet Dreams – Eurythmics. Curtíamos o momento presente. Amantes. Criminosos. Eram com estes olhos que as pessoas admiravam e criticavam o que estávamos fazendo.

Nesta noite eu perdi meu namorado. E ganhei nova experiência.

Se pudesse lamentar o que houve não o faria, não me arrependo de nada que tenha feito.

domingo, 7 de setembro de 2008

Vampiro Erótico - por Adriano Siqueira

Voei até encontrar a janela do apartamento onde ela estava.
Dormia profundamente. Estava coberta por um lençol.
Me concentrei e mandei que ela entrasse em um estado de sonambulismo.
Ordenei que jogasse o lençol para fora da cama. Ela fez isso lentamente.
Ela usava apenas uma camisa e estava sem calcinha.
Ordenei que que ela levantasse a camisa para ver os seus seios.
Ela novamente obedeceu. Eram perfeitos.
Ordenei que beliscasse os seus bicos e ela tornou a obedecer todas as minhas ordens.
Satisfeito pedi que se levantasse para abrir a janela.
Mesmo com os olhos fechados ela obedeceu.
Quando abriu a janela, eu a beijei mas ela não respondia ao beijo. Entao ordenei que me beijasse com paixão e ela fez.
Toquei em todo o seu corpo. Estava sobre meu poder. Era completamente minha.
Finalmente eu ordenei que ela me chupasse e ela ficou de joelhos abriu a minha calça e lambeu e depois me chupou.Gozei intensamente.
Satisfeito, ordenei que ela fosse para o quarto da sua amiga e a chupasse e só deveria acordar do transe depois que a sua amiga tivesse um orgasmo.
Também ordenei para não se lembrar de nada sobre o que aconteceu.
Voltei para meu castelo satisfeito.
Mas antes de ir para o quarto da sua amiga eu mordi o seu pescoço.
Afinal!Sou um vampiro!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Universo Fantástico, Portal Cronik e Bolg Insónia

Olá pessoal,
Tenho o maior orgulho em informar que o Universo Fantástico, Portal Cronik e Blog Insônia estão divulgando nossos trabalhos através da entrevista que forneci.

Nunca divudei da grandeza de cada um dos escritores que trabalho.
viva todo o pessoal dos 4 elementos!!!

vejam a divulgação nos blogs nos links abaixo.
http://universofantastico.wordpress.com/
http://www.cranik.com/entrevista94.html
http://bloginsonia.wordpress.com/2008/09/04/entrevistas-entrevista-com-adriano-siqueira-para-o-cranik/

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Gabrielle - por Malina

*Esse conto é uma homenagem á Denny G. Du Coudray.

"Ela levanta as flores da janela

Flores de verão agora flocos de inverno
Ela levanta seu véu para a manhã chuvosa
Esconde seus olhos do sol outra vez

Mil anos de luz fraca sobre sua face
Corta dentro dela o sonho do juramento
Ela bate suas flores na janela lateral
Eles caem para a terra eles caem para a terra

Esconde longe do sol furioso
Você esconde seu amor do fogo do além..."
(Fields of Nephilim)

Eu tinha passado a noite toda no bar de um conhecido, já se passavam das quatro da manhã quando resolvi ir para casa. Acendi meu cigarro e saí do bar.
Comecei a andar pelas ruas, Wilmont dormia profundamente.

Eu já estava acostumada a andar sozinha, na verdade não tive outra escolha.
No começo a melancolia me tomava, andava lamentosa e quase não aproveitava meus passeios. Com o tempo fui obrigada a me acostumar com tal solidão.

Eu já morava em Wilmont há muito tempo e adorava a cidade. Sabia que nada me tiraria dali.
Meu apartamento era pequeno, mas confortável. A tristeza parecia sempre emanar das paredes velhas. Os móveis estavam sempre nos mesmos lugares, raramente os mudava. Minha pilha de cd´s e a coleção de vinil que me traziam sempre uma alegria mórbida. Os porta-retratos sobre a cômoda, me faziam voltar ao tempo toda vez que os olhava. Tinha sempre meia-dúzia de cervejas na geladeira, o cinzeiro sobre a mesa da cozinha e minha cafeteira que apesar de velha, eu fazia questão em mantê-la impecávelmente limpa.
O apartamento era herança de um tio que eu adorava e que infelizmente falecera. Por vezes eu imaginava que ele estava ali me fazendo companhia. Tinha sempre um pouco dele naquela atmosfera sóbria e antiga que pairava sobre o lugar.
Nas soturnas manhãs nubladas eu sentava na cadeira enquanto tomava meu café e tentava manter meus pensamentos distantes do passado.

Esse dia que narro agora, tinha começado assim. Apesar de que não me lembro um único dia que não tenha amanhecido dessa maneira.

******

Estava andando pelas ruas do Centro, distraída como sempre, quando avistei de longe uma moça parada perto do ponto de táxi, que se encontrava vazio. Caminhei normalmente em sua direção e quando me aproximei notei que ela falava sozinha.

- Mon Dieu! O que faço agora? - Ela tinha um sotaque francês evidente. Passei por ela, mas não pude deixar de prestar atenção em suas palavras, ela continuou: - Não sei o que vim fazer aqui, Dieu!

Eu já estava á dois passos de distância dela, quando resolvi voltar.

- Boa noite! - Falei e ela se virou em minha direção, percebi que não havia notado minha presença.

- Oui, boa noite. - Ela respondeu tentando sorrir. Era uma mulher muito bonita, tinha o cabelo num tom escuro de loiro, estatura mediana. Os olhos expressivos e a boca bem desenhada. Vestia um casaco pesado e tinha a face corada pelo frio.

- Posso lhe ajudar?

- Oui, oui. Acho que estou perdida. Como faço para ir embora? Já fui na rodoviária e só tem ônibus pela manhã, estou esperando um táxi, mas não creio que tenha. Dieu, porque fui acreditar nele! - Ela falou e as lágrimas ameaçaram escorrer dos seus olhos.

- Olha, não se preocupe, eu moro aqui perto. O que acha de irmos até lá? Tomamos um café enquanto você espera a hora do ônibus. Está muito frio aqui fora. O que acha?

- Non, non. Não quero incomodá-la.

- Por favor. - Eu falei indicando o caminho. Ela entendeu que seria melhor e começou a andar.

- Só por algumas horas, prometo não atrapalhar.

- Vamos ou iremos congelar aqui fora. - Falei sorrindo.

Logo estávamos subindo as escadas do meu prédio. Quando notei que ela transpirava, apesar do frio, ajudei-a com a mala marrom que carregava.

- Entre. - Eu disse.

- Merci. - Ela respondeu e entrou. Ficou parada no canto da sala, parecia com medo.

- Por favor, fique á vontade. Eu moro sozinha, sente-se no sofá que logo trago nosso café.

Ela se sentou e eu fui para o banheiro para trocar minhas roupas. Assim que terminei, voltei até a sala e a olhei, ela sorriu e vi que estava mais descontraída.

- Vou na cozinha e já volto. - Eu disse.

- Bien. - Ela sorriu.

Fui para cozinha e lavei primeiro uns copos que estavam na pia, quando acabei liguei a cafeteira. Fui acender meu cigarro, que havia deixado em cima da mesa, quando a vi parada na porta da cozinha.
Eu acendi meu cigarro e falei: - Você não me disse o seu nome. - Sorri.

- Pardon, meu nome é Gabrielle. E o seu ma fleur?

- Malina.

O sorriso dela era maravilhoso, alegrava minha casa.

- Gabrielle, talvez queira tomar banho ou trocar suas roupas úmidas.

- Adoraria. Estou com um pouco de frio agora.

Eu indiquei o banheiro e ela foi até a sala pegar uma roupa em sua mala. Voltei para cozinha, o café estava quase pronto.

- Que acha? - Ela falou mostrando a roupa que acabava de vestir. Era um vestido um pouco largo, vermelho claro. A parte superior tinha umas fitas de cetim enfeitando, a saia - na verdade as saias, pois eram mais de uma - eram de um tecido quase transparente. Ela ainda calçava sua bota pesada e estava com um outro casaco, maior que o anterior, aberto por cima do vestido.

- Está belíssimo, combina com você. Venha, acabei de fazer o café.

Ela se aproximou sorrindo e sentou-se na cadeira. Eu servi o café e a fitei enquanto bebia o seu.

- Se me permite perguntar, o que aconteceu? - Perguntei.

- Você nem imagina, ma fleur. Foi um erro meu ter vindo.

- Não precisa contar se quiser, desculpe a pergunta.

- Non, non. Falo sim. Eu conheci um rapaz, um belo rapaz. Ele estava em minha cidade, disse que á trabalho. Nos encontramos diversas vezes. Ele era sempre tão gentil comigo e carinhoso, achei que estivéssemos namorando. Passamos boas horas juntos e ele vivia me convidando para vim á Wilmont. Disse que a cidade era linda e que adoraria que eu viesse.

- Quanto tempo ele ficou na sua cidade?

- Seis meses e meio. E nesse tempo, ficamos juntos, nos encontrávamos quase todos os dias. Até que ele disse que estava de partida, imagina ma fleur, eu fiquei desesperada. Há essas alturas, já estava apaixonada por ele.

- E ele veio embora?

- Oui, na mesma semana, dois dias depois de conversarmos. Eu fiquei perdida no começo, queria estar junto á ele, mas ele sumiu. Meses se passaram e então resolvi esquecê-lo, foi difícil.

- E então?

- E então ele ligou, semana passada, dizendo que não aguentava mais ficar longe de mim. Pediu para que eu viesse na próxima semana e me deu o endereço. Eu fiquei assustada, mas não consegui resistir. Eu vi que ainda o amava.

- E você disse isso pra ele?

- Disse e ele então deu as ordens. Disse que eu deveria pegar o trem das três e vim para uma cidade vizinha. Disse que eu chegaria nessa cidade por volta das seis e que assim que chegasse, deveria esperar o ônibus das oito para Wilmont. Falou que era necessário que eu respeitasse os horários, eu imaginei que seria por causa do seu trabalho ou coisa parecida.

- Sim, e então? O que aconteceu quando vocês se encontraram?

- Nada ma chéri. Eu não o encontrei. Desci do ônibus e vim direto para o endereço que ele me deu, só que cheguei aqui e o lugar era só uma casa abandonada. Perguntei para os vizinhos e eles disseram que há décadas ninguém vivia ali.

- Nossa, estranho. - Falei pra mim mesma, não pra ela. Nada me surpreendia mais em Wilmont.

- Estranho nada, ele já tinha me deixado uma vez, com certeza fez isso de propósito. Eu estava tão cega que não vi o óbvio, ele era apenas mais um homem tentando se aproveitar de mim.

- Entendo sua frustação.

- Mais que frustação. Eu o amava, no fundo acreditava que ele era a pessoa certa, que merecia meu amor. Como fui tola, mon Dieu, como fui tola!

- Acalme-se, ele não merecia. Você é bela demais, não se preocupe um dia encontrará alguém que lhe fará feliz.

- Non. Agora não pretendo mais. Vou dedicar-me somente ao meu trabalho, não quero mais saber de amores.

- Entendo. E com o que você trabalha?

- Eu sou pintora e toco violoncelo.

- Nossa, que interessante.

- Poético. Non ma fleur?

- Muito. - Eu falei e sorri. Ainda nos encaramos por um tempo, seu olhar doce parecia iluminar minha alma.

- Você quer dormir? Se quiser pode dormir em minha cama, eu deito no sofá, estou acostumada a dormir lá.

- Você é muito gentil querida. Acho que quero sim, estou exausta.

- Aceite sim, não há problema algum.

Nos levantamos e eu a acompanhei até o quarto, ela se sentou na cama e vi que estava mesmo cansada, não quis prendê-la mais por muito tempo então logo peguei um cobertor e fui para sala.
Antes de deitar, olhei pela janela, o céu estava cinza escuro. Deitei e fiquei olhando para o teto, um aroma floral inundava minha sala. O cheiro doce afastava a atmosfera soturna do meu apartamento.
Pensei no quanto ela era bela, seu corpo perfeito com as curvas bem desenhadas embaixo do vestido de crepe indiano.

"Bela e inocente" - pensei.

Ela não sabia dos segredos de Wilmont, do que "a cidade" era capaz. Lamentei por ela ter passado por uma situação tão difícil, típica de Wilmont.

Acordei bem cedo, estava animada. Levantei e fiz chocolate quente. Logo Gabrielle estava junto á mim. Tomamos nosso desjejum, logo depois ela levantou e foi até a janela, teve um momento solitário enquanto apreciava nosso belo céu de agosto.

- Vou partir, ma fleur. - Ela disse.

- Não queria que partisse com essa má impressão da cidade. Essa cidade é mesmo maravilhosa.

- Eu voltarei mais vezes, o caminho foi belíssimo mesmo e pude ver muita coisa que gosto aqui.

- Se quiser é só me procurar. - Eu disse me afastando para pegar um pedaço de papel e uma caneta. Anotei o endereço e o telefone e me aproximei novamente. - Aqui está, é só avisar. Será um enorme prazer recebê-la novamente.

- Obrigada querida. - Ela sorriu e continuou: E por falar nisso, - pegou um papel que estava em seu bolso - não preciso mais disso. É o endereço de Michael W. Houten, o rapaz que não me merece. - Sorriu.

Ela acabou de rasgar o papel e deixou em cima da mesa. Fomos até a sala e ela pegou sua mala, quando abri a porta ela virou-se e estendendo a mão me deu um cartão.

- Aqui está meu endereço e meu telefone. Caso queira me visitar.

- Obrigada.

- Eu que agradeço, por tudo. - Ela disse e sorriu.

- Imagina.

- Tenha um belo dia. - Falou e partiu.

******

Uma semana passou e eu não conseguia tirar Gabrielle e o suposto rapaz da minha cabeça. Resolvi então pegar os pedaços do papel que ela havia rasgado. Sabia que ali estava o endereço de Michael Houten.

Saí de casa decidida a descobrir a verdade sobre ele, fui até o local indicado no papel. Era mesmo uma casa abandonada. Algumas casas vizinhas também pareciam abandonadas e outras bem velhas. Andei então até a cafeteria que ficava ao lado e vendo que um Senhor que atendia no balcão, fui até sua direção e perguntei se ele conhecia Michael.

Ele fez uma expressão pensativa e logo falou:

- Oh sim! Conheci sim, era filho do Richard. Família boa. Mas não entendo sua curiosidade minha cara, eles morreram há quinze anos.

- Como assim morreram?

- Naquele acidente de trem, o único acidente de trem da região. Você não conhece a história? O famoso trem das três?

- Não senhor, acho que nunca ouvi essa história. - Falei. - Não há nenhum parente deles? Talvez um irmão?

- Não, eram só eles e a mãe. Logo depois da morte deles dois, a mãe se suicidou e a casa ficou abandonada.

- Obrigada senhor.

Saí da cafeteria. Pensei em avisá-la, mas não queria que se magoasse ou ficasse assustada. Eu já estava acostumada com os casos estranhos de Wilmont, mas ela não.
Andei confusa, pensando se contaria ou não para ela, depois de muito pensar, decidi que contaria. Afinal, eu nada tinha a ver com sua história, descobri por curiosidade, achei que seria melhor que contasse logo.

Fui direto para casa e peguei minha bolsa, iria até sua casa. Não levei mala, não demoraria por lá, ficaria só o tempo de contar tudo e depois voltaria para casa.

Peguei o ônibus e depois o trem, cheguei em sua cidade por volta das quatro da tarde. Da estação andei até o Centro da cidade e lá peguei um táxi. Mostrei para o motorista o endereço e ele me levou até lá.

Chegamos na casa de Gabrielle. A casa era simples mas muito bonita. Era de madeira e na frente, do lado esquerdo tinha um enorme pé de carvalho. Do lado direito, um lindo jardim de margaridas e rosas.
Andei pelo pequeno caminho de pedras e chegando na porta, toquei a campainha.
Não houve resposta. Toquei novamente e nada.
Pensei então que ela poderia ter saído ou algo parecido, sentei então na varanda e esperei que voltasse.
Esperei muito tempo, quando olhei no relógio já eram quase seis horas e quando finalmente o relógio acusou seis horas em ponto, ouvi uma melodia vinda da casa.

Levantei-me e prestei atenção por alguns minutos, o som era de violoncelo. Um som perfeito, que só podia estar sendo tocado pelas mãos da encantadora Gabrielle.
Esperei mais alguns minutos para novamente chamar, a melodia parecia me hipnotizar. Aproximei-me novamente da porta e quando encostei na mesma, essa se abriu.
Entrei cautelosamente e chamei-a, mas ela não respondeu. Entrei até a sala então e seguindo o som, andei por um corredor até atingir a porta de onde vi que o som vinha.
A porta estava entreaberta, inclinei-me em sua direção e espiei o interior. Não a vi, então abri a porta e entrei no quarto, a melodia estava mais alta, como se um rádio estivesse a tocando. O perfume inesquecível dominava o ambiente.

O quarto tinha um belo papel de parede num tom de verde claro, aproximei de uma das paredes quando vi alguns quadros que ali estavam. Na minha opnião, belíssimos quadros, dóceis e muito bem pintados.

Saí do quarto, a música não parava. Andei por toda a casa, mas Gabrielle não estava em nenhum dos cômodos. Sem esperanças de encontrá-la, resolvi partir.

******

Voltei a estação e logo estava á caminho de Wilmont. No caminho pensei muitas coisas e senti como se tivesse sonhado esse tempo todo. Mas embora estivesse ébria quando a encontrei, eu tinha certeza de que tudo tinha realmente acontecido.
Quando cheguei na minha adorada cidade, algo parecia diferente. Senti como se não tivesse que ter saído de Wilmont e vi que as coisas começavam a mudar.


Segunda visita a Dire Straits- por Camila Bernardini


"Marcos sua existência na terra foi há de um anjo, agora de onde estiver sei que nos protege”

Já havia se passado dois meses desde que Camila fora para Dire Straits. O fato é que naqueles últimos dias não conseguia tirar aquela estranha cidade de sua cabeça. O estranho acontecimento no parque, as pessoas que conheceu. Tudo pedia para que ela voltasse ali. Pensando nisso, decidiu levantar-se da cama e ir naquele mesmo momento. Olhou pelo vidro de sua janela, a chuva forte continuava caindo sem mostrar a mínima intenção de parar ou diminuir, mesmo assim decidiu arriscar e claro que isso não a impediria de ir com sua moto, fiel companheira de estrada.
Vestiu uma roupa que a protegesse do frio e partiu. Enquanto em alta velocidade, corria pela estrada, deixando tudo o mais para trás, sentiu-se bem. As grossas gotas de chuva que caiam pelo seu corpo não a incomodavam, pelo contrário dava um sabor a mais de aventura. Era assim que se sentia, amava viajar e sua moto. Tinha uma vida meio solitária, mas sabia que assim não sofreria tanto como já sofreu um dia. Viu então a placa que deseja Boas Vindas a cidade, que a fascinará e a atormentará em alguns pesadelos após te ido embora de sua primeira visita a ela.
Foi diminuindo a velocidade, para percorrer as ruas com tranqüilidade. Pegou uma avenida que parecia ser a principal, logo achando um hotel. Resolveu parar ali para tomar um banho e por uma roupa seca que colocará na mochila. Depois ia ver se encontraria algo para fazer, achando meio difícil por já ser altas horas da madrugada. O recepcionista do hotel era um homem estranho (mas isso ela já achava normal, tudo naquela cidade fora estranho para ela). Pediu um quarto, e sem mais conversas subiu. Estava louca para tomar um banho.
Saulo, porém, assim que viu a garota entrar no elevador, pegou o telefone ao lado da mesa da recepção e discou para Sarah. Quando finalmente alguém atendeu era uma voz sonolenta e irritada.
-Alô, o que você quer essa hora?
- A garota voltou esta no hotel que eu trabalho.
-ótimo, me mantenha informada.
Sarah desligou o telefone sem nem agradecer. Saulo odiava aquela forma dela tratar seus discípulos, só não falava nada, por que sabia que tinha que respeitar sua sacerdotisa. E outros que tentaram desafiá-la tiveram um fim trágico. Ele não queria perder tudo que tinha conquistado depois de entrar naquele mundo, que ela o mostrará.
**********************

Camila tomou banho quente, trocando de roupa e logo já estava perambulando pelas ruas. Decidir ir caminhando dessa vez aproveitou que naquele momento só garoava, e um guarda-chuva bastava. Em poucos minutos encontrou uma espécie de bar, com uma grande placa escrito fênix. Viu muitas pessoas do lado de dentro, devia ser um lugar legal. Entrou no ambiente. A primeira coisa que fez foi observas o local. Sentou em uma mesa após pedir uma garrafa de vodka. Estava distraída com sua bebida, e deixando se levar pelo som da música, não sabia quem cantava, mais era um som de blues gostoso de ouvir, quando uma mulher sentou em uma cadeira na mesma mesa que ela. Camila a olhou era loira, cabelos encaracolados e compridos, olhos grandes e longos cílios, uma boca atraente, alta.
- Oi, sou Sarah!
- Camila.
- Me perdoe por já ir sentando assim, te vi sozinha e achei que talvez quisesse uma companhia.
- Gosto de estar só, existem pessoas que nos roubam da solidão, sem em troca nos oferecer verdadeira companhia.
- Frase filosófica, você que criou?
- Não. Mas desde que a ouvi pela primeira vez, me identifiquei muito com ela. È de um filósofo chamado Nietzch.
- Já vi que gosta de filosofia. Deve ser uma garota misteriosa.
Camila riu:
- Não Sarah! Nem tanto.
As duas continuaram por horas conversando. Camila sempre tinha facilidade em fazer amizade com as pessoas, e todo mundo que acabava de conhecer, na verdade parecia que já conhecia á séculos. Era sociável, e por isso já havia sofrido de mais com pessoas que julgara um dia terem sido suas amigas. Hoje em dia conhecia pessoas, mas não queria mais laços de amor com ninguém.
- Quer ir lá para casa?
- Mas nem nos conhecemos Sarah!
- Vamos? È aqui pertinho depois voltaremos para cá.
Pagaram a conta do bar e saíram. Enquanto caminhavam, Camila encontrou Renan, um dos irmãos gêmeos que estavam com ela no parque no primeiro dia que viera a Dire Straits. Sarah ficou meio aborrecida com o encontro, mas acabou convidando o garoto a ir junto com elas. Assim seguiram os três.
Os dois estranharam a decoração da casa de Sarah; por todos os lados, velas, pentagramas, incensos e coisas do tipo. Era uma ambiente com uma energia um pouco pesada. Ela pediu que os dois esperassem ali, que ia preparar uma bebida. Após beberem, Renan e Camila dormiram, caindo em sono profundo e sem sonhos.

*******************************
Camila abriu seus olhos, estava em uma trilha. Na trilha de um parque. Após alguns minutos sem entender, lembrou que estava em Dire Straits. Mas não sabia como havia parado ali. Ao perceber que era o mesmo parque da visita anterior, seu corpo todo se arrepiou. Sentiu medo e dessa vez estava sozinha. Os passos lentos, congelado por um pânico que já dominava, caminhava para tentar sair dali. Foi então que viu a sua frente Marcos. Mas não podia ser. Marcos fora um amigo muito querido que morrerá a dois anos atrás, a deixando com muita saudade. Olhou de novo, seus cabelos negros, longos enrolados, seu nariz comprido e pontiagudo (motivo de brincadeiras da turma na época de escola), sua pele branca e olhos que expandiam tanto brilho que seria impossível de se notar, estava ali a sua frente. Por um segundo ela pensou que também estivesse morta.
- Marcos.
- Vim tentar te ajudar. Quem está me vendo é seu espírito que nesse exato momento está livre da matéria. Seu corpo esta naquela mesma pedra que você viu a garotinha. Junto está Renan e Tamara.
- Mas como?
- Sarah, é aquela mulher de túnica vermelha.
- Mas eu achei que nada daquilo tinha acontecido. Sendo que aquele dia no parque, os amigos de Tamara não haviam sentido o tempo que passamos longe deles.
- Foi um feitiço do tempo feito por eles.
- Eles? Mas quem são eles?
-São adoradores de uma seita. Para você entender melhor, Sarah é uma feiticeira muito forte, tem grandes conhecimentos em magia e nos mistérios que regem a lei da vida e da morte. Ela é única mulher, todos os seus discípulos a protegem, em troca de imortalidade.
-Imortalidade?
- Foi um segredo descoberto pelos gregos, mas tão bem guardado que nem um estudioso jamais descobriu. Diz à tradição que uma vez por mês, sacrificando o sangue de uma criança virgem e oferecendo a Hádes. Ele permite que a jovialidade e o fio da vida continuem existindo a todos que participam desse ritual de sacrifício. E foi isso que você presenciou há dois meses.
- E o que eles querem agora de mim?
-Existe uma forma de todos eles conseguirem ser imortais durante cem anos sem precisarem fazer esse ritual.
- Qual?
- Descobrindo as duas filhas da Lua, que vem a terra a cada cem anos. Sacrificando-as, o poder deles aumentará muito mais.
- Filhas da lua? E o que eu tenho haver com isso? E Tamara e Renan?
- Você e Tamara são as Filhas da Lua! Renan só está aqui por ter te encontrado a caminho da casa de Sarah.
Camila achava difícil acreditar naquela história toda. Mas Marcos estava ali, diante dela não estava? O olhou mais uma vez e só então notou asas saindo de suas costas. Ele percebendo o olhar curioso ao mesmo tempo em que estampando, riu:
- Digamos que sou um Anjo.
- E o que vamos fazer?
- Primeiro tem que voltar a seu corpo. Lá use seus poderes.
- Até minutos atrás eu nem sabia que tinha poderes,
- Saberá usá-los, prometo.
O espírito de Camila, então foi sendo puxado, até entrar em seu corpo de novo. Ela então abriu seus olhos, estava sentindo frio, deitada naquela pedra úmida. Do seu lado Tamara também abria o olho e a olhava. Não fosse a situação abraçaria a menina, que tinha a cativado tanto.
- Vejam quem acordou.
Era Sarah, que esperava que as duas Filhas da Lua despertassem para dar início ao ritual de sacrifício que a deixaria sossegada por um bom tempo. Seus discípulos já estavam frenéticos e ansiosos para se verem livres por um bom tempo. Saulo perto de Sarah sentia-se triste, tinha se apaixonado por Camila. Não sabia como, não tinha tido diálogo ou mesmo contato físico, mas algo mais forte o dominará. Porém não ia abrir mão de nada, para defendê-la. O medo da morte e dos castigos que Sarah poderia fazer que ele enfrentasse era maior.
Sarah lia os pensamentos de Saulo, foi em sua direção e o beijou. Um beijo longo. Ao terminar o beijo, ele já não se lembrava o motivo que o afligirá instantes atrás. Primeiro matariam Renan, a chave menos importante de tudo aquilo. Com sua adaga na mão, Sarah o atingiu no coração, logo em seguida Saulo retirava o corpo de cima da pedra.
Lágrimas escorriam pelos olhos das duas meninas, mas elas não sabiam o que fazer. Tamara no tempo que esteve inconsciente também viu um “Anjo”, mas não sabia como usar seus poderes. As duas por instinto se deram as mãos em um quase gesto de adeus. Nesse momento que se tocara, uma luz muito forte ilumino todo o local. A claridade era tamanha, que pareciam estar à luz do dia. Nesse momento, muitos da espécie de Marcos foram vistos por todos ali presentes. Cada um desses “anjos” carregava em suas mãos uma lança dourada, com pequenos adornos de raios desenhados por todos os seus comprimentos. Muitos dos discípulos de Sarah escondiam os olhos, pois a luz os estava incomodando. Ela mesma não entendia o que acontecia.
Camila e Tamara estavam de pé em cima da pedra ainda de mãos dadas. Sentiam um fluído de energia vindo em todas as direções e entrando por entre seus poros. Olharam para o céu simultaneamente, a lua brilhava forte, e luzes de todas as cores parecia surgir de lá, descendo até elas. Uma dessas luzes tomou forma de uma mulher, com uma beleza tão surreal que fez com que os que pudessem olhá-la, nem desviassem o olhar.
Sarah se congelou ao ver que era Lua. Rapidamente tentou invocar os espíritos das trevas que guardavam todo o conhecimento que sabiam. Alguns vultos negros até surgiram, mas logo sumindo por não suportarem a pureza que emanava daquele lugar. Lua nunca tinha sido disperta a terra antes, o poder dessa nova filha delas era realmente forte. Sabia que o mundo estaria protegido.
Com todos paralisados pelos acontecimentos, nem perceberam que Sarah, ainda com sua adaga correu em direção a Tamara para tentar acertá-la. Porém quando chegou perto, algo inusitado mais uma vez aconteceu. Um rosto surgia entre as luzes, de um homem loiro de olhos verdes:
- Chega Sarah. Chegou seu fim.
Após as palavras, o corpo dela foi perdendo a forma jovial, tornando um corpo velho, mumificado, até cair morta ao chão. Logo, esse processo também acontecia com todos os seus discípulos. Os “anjos” então, cada um deles se aproximou de um dos corpos, atingindo suas lanças no lado esquerdo, onde ficava o coração, logo sumindo de vista dos que continuavam presentes.
Lua, olhou para suas filhas, sorrindo:
- Hora de voltarem para casa.
As meninas então se transformaram em duas esferas de luz, que subiam cada vez mais alto pelo céu, desaparecendo para sempre da existência terrestre.
Marcos com uma lágrima, por saber que onde Camila estava, seria proibido sua visita, gritou:
- Bom dia!
Dessa vez seria mesmo a última que diria isso a ela. Não imaginou que ela ainda pudesse escutar gritando de volta:
- Você realmente é um Anjo.

Eterna solidão - por Camila Bernardini


Eterna solidão

Poucas pessoas ainda se encontravam na estação da barra funda, naquele horário da noite de sábado. July desde que fora impedida de ver a luz do sol amaldiçoada a vagar na noite eterna, ia quase todos os dias observar as pessoas naquela estação. Muitas vezes caçando vítimas, outras apenas para se distrair.
Sentou em uma das cadeiras da plataforma, que iam ao destino de Itapevi. Estava ali, absorta em pensamentos, quando a viu. Encantou-se com a beleza da mulher que ia a passos lentos, andando por ali. Ela aparentava ter uns vinte e três anos, era alta, um corpo magrinho desses de modelo de passarela mesmo, cabelos vermelhos, lisos, comprimento médio; olhos de um tom esverdeado que marcava mais ainda o rosto belo e sem marcas; as mãos pequenas delicadas, apenas com uma leve base em suas unhas pequenas. Usava uma sai indiana branca, e uma blusinha regata preta. Era bela, impressionando muito a todos que a viam passar, principalmente July, que resolveu segui-la.
As duas então entraram no trem que chegava, July ia o tempo todo a olhando, mal conseguindo disfarçar o encanto que aquela moça despertará nela. Finalmente a bela garota desceu na estação de Osasco, e o mesmo fez July, que continuou a seguindo pelas ruas. A garota estava indo em direção a Primitiva Vianco, ia encontrar seus amigos no Bar Anos 50. Foi para lá então que seguiu sem perceber que estava sendo seguida.
Chegaram ao bar e entraram. July ficou encantada mais uma vez, ao ver a decoração do lugar. Sentiu como se estivesse voltando ao tempo, com aqueles quadros do Charles Chaplin, Elvis, e tantos outros ícones da década de 50 para cá. Uma banda de classic rock estava ano palco tocando, completando o ambiente super agradável. Agora tentava planejar algo para se aproximar da garota, foi quando a viu indo em direção ao balcão onde eram feitas as batidas. Foi na mesma direção, e quando estava próxima sorriu, falando:
- Oi! Eu sou nova por aqui, estou sozinha, queria conhecer as pessoas.
A garota sorriu de volta:
- Oi, seja bem- vinda a Osasco, é um ótimo lugar para se morar! Qual o seu nome?
- July e o seu?
-Michele. Então quer sentar-se à mesa onde estou?
- Será um prazer.
July em pouco tempo já conhecia toda a turma de Michele. Estava sentada a mesa conversando com eles. A banda terminou de tocar, estavam desmontando seus equipamentos.
- July, vamos para o andar de cima, onde tem a pista de dança. Lá rola flashes backs.
- Vamos sim.
As duas então subiram para o andar de cima, e logo já estavam dançando. July queria se aproximar mais de Michele, sentir o corpo do calor dela, tocá-la. Mas tinha medo da reação. Embora fosse uma vampira, podendo a hipnotizar e fazer o que quisesse. Sentia algo diferente, e não queria estragar.
Ela continuou dançando, com medo ainda de tomar alguma atitude quando Michele começou a dançar muito mais colada com ela, sempre dando um jeito de encostar seu corpo no dela. Chegou até a ousar algumas carícias, pelo rosto de July.
- Ju, vamos ao banheiro?
As duas então seguiram até o banheiro, onde a maioria da parede era espelhada, e as que não eram com pisos alternados entre o preto e o branco. Michele ao trancar a porta, encostou July em uma das paredes e a beijou. Foi um beijo demorado. Enquanto as mãos das duas rolavam soltas umas pelo corpo da outra. A vampira escorregou o beijo para o pescoço de Michele, logo sentiu aquela imensa vontade, seu instinto assassino de experimentar o sangue da encantadora garota que conheceu, mas se controlou. Não queria tornar uma pessoa tão bela e iluminada em um ser das trevas. Não a levaria consigo para a ponte, que não deixava chegar a lugar nenhum, nem na vida, nem morte. Viver como uma condenada, a maioria do tempo solitária, vagando só pelas ruas escuras apenas para saciar uma sede incontrolável. Foi então que empurrou Michele para que se afastasse dela, e correu, com sua velocidade vampiríca, saído do bar e deixando todos espantados.
July foi parar nas escadarias da igreja Santo Antônio, sentou ali. Lágrimas de sangue escorriam sobre sua face branca. Pela primeira vez na vida tinha se apaixonado, por isso mesmo tinha que se afastar. Seria um perigo mortal a Michele. O melhor teria sido se ela não tivesse há seguido. O seu destino seria eternamente esse. Nada poderia fazer apenas aceitar a maldição dos filhos da noite.